amor-de-si

O amor-de si induz ao cuidado-de-si, à manutenção/recuperação do sentimento de perfeição, de aptidão para ser feliz. O amor-de-si é emoção inata, expressão da intuição, função da evolução da pessoa, e, portanto, não está sujeito a variações, senão aquelas decorrentes da sua evolução, e só aumenta passo-a-passo. A intensidade do amor-de-si revela a capacidade de amar da pessoa, e é função de seu estágio evolutivo: o amor pelo outro tem como limite o amor-de-si.

O ser humano é perfeito como criação. A criança nasce se sentindo perfeita, apta para uma vida feliz - a intuição está em harmonia com o instinto, e com suas necessidades. Com o crescimento, ela desenvolve a razão, as emoções e os desejos, e, devido à sua imaturidade e às circunstâncias em que foi criada, este equilíbrio tende a ser quebrado. Mas, em função do amor-de-si, a pessoa  buscará recuperar e manter o sentimento de perfeição perdido. É o amor-de-si que induz o ser humano a buscar melhorar sempre, e mesmo quando parece que todos os seus desejos estão satisfeitos ele continuará buscando se tornar uma pessoa melhor. O amor-de-si não admite compartimentalização, ele atua no indivíduo como um todo induzindo-o ao cuidado-de-si, a pensar, sentir e agir de forma que a crença e o sentimento de aptidão/perfeição sejam maximizados.

O instinto guia a pessoa na busca da sobrevivência, e da intuição advém o amor-de-si, que a induz a cuidar de si, a buscar evoluir e ser feliz. É o amor-de-si quem dá limites ao instinto, e quanto menor ele for mais intensas as manifestações do instinto, o que favorece a sobrevivência. Em um ambiente hostil, para garantir a sobrevivência, a pessoa pode dar vazão ao instinto (em detrimento da intuição), porém isto a levará a desenvolver emoções incompatíveis com o amor-de-si, e a uma redução do sentimento de perfeição.

O amor-de-si induz à busca/manutenção do sentimento de perfeição (harmonia entre essência, pensamentos, sentimentos, desejos e realidade), que, uma vez alcançado, faz com que a pessoa se sinta apta para satisfazer seus desejos, para viver uma vida feliz e, inversamente, a satisfação continuada de seus desejos faz com que a pessoa se sinta perfeita, apta para viver uma vida feliz. Dissonâncias entre essência e/ou pensamentos e/ou sentimentos e/ou desejos e/ou realidade fomentam a geração de emoções negativas, que, quando acumuladas, podem levar a um balanço negativo das emoções e, consequentemente, ao desenvolvimento do sentimento de inaptidão.

O sentimento de inaptidão é fruto de emoções negativas acumuladas, que por sua vez resultam de necessidades/desejos não satisfeitos. Uma pessoa inapta em termos absolutos em alguma área não se sentirá inapta se suas necessidades e desejos naquela área  forem satisfeitos, se sua inaptidão for compensada naturalmente por outrem. A criança não se sente inapta quando sua mãe supre suas necessidades. Na relação amorosa, a aptidão do outro compensa a própria falta, e a pessoa não se sente inapta.

Toda emoção só mantém sua eficácia quando corroborada pela razão. A emoção cuja razão a contrarie tende a se tornar inócua ou pouco eficaz no tocante ao comportamento que vem após ela, pois tende a não ser definidora da ação. Para que o amor-de-si seja totalmente eficaz, tenha influência plena nas decisões da pessoa, a autoestima e o sentimento de aptidão precisam estar equilibrados com ele. Quando há um desequilíbrio na autoestima e no sentimento de aptidão, a pessoa tende a negar o amor-de-si ou a duvidar dele, o que reduz a sua influência. É necessário, portanto, autoaceitação e um balanço positivo das emoções para que o amor-de-si não tenha sua eficácia comprometida: quanto mais a pessoa se aceitar e mais positivo for o balanço das emoções, maior a eficácia do amor-de-si.