autoavaliação

O processo de autoavaliação é continuado e ininterrupto: a pessoa se autoavalia na medida que promove o autoconhecimento, vive suas experiências e se compara com todos aqueles de que tem consciência. A autoavaliação se dá por introspecção e por comparação com modelos e referências.

A rigor, toda e qualquer pessoa é modelo e/ou referência para o indivíduo que a observa. O que varia de pessoa para pessoa é a capacidade de influenciá-lo, função do grau de relacionamento com o indivíduo e das características de cada uma - uma pessoa totalmente desconhecida, uma referência ocasional, tende a ter pouca influência, enquanto uma próxima a ele, com a qual ele se identifica e tem uma relação de amizade, tende a ter muita influência no seu desenvolvimento e na sua autoavaliação.

Quando a pessoa se compara com modelos, ela avalia como está no tocante ao cumprimento de suas metas/objetivos de vida - estou bem / estou mal. Quando ela se compara com referências, ela avalia como está a sua caminhada (a sua vida, a satisfação de seus desejos) em comparação com a da referência - estou melhor / estou pior / sou melhor / sou pior.  A autoestima aumenta quando a pessoa se considera melhor que suas referências e quando se torna mais parecida (se assemelha) com seus modelos.

Um função de suas características, a comparação com referências tende a ocorrer com frequência bem maior do que a com modelos e, consequentemente, a ter maior influência na autoestima, mas, por outro lado, a autorrealização é fruto do cumprimento de metas. Uma pessoa sem objetivos de vida importantes (desafios) a serem alcançados pode ter grandes ganhos na autoestima em função da comparação positiva com suas referências. Por outro lado, na mesma comparação, uma pessoa com grandes objetivos teria um ganho na autoestima bem menor. E vice-versa. Uma pessoa com grandes objetivos/desafios tende a ter maiores ganhos na comparação positiva com modelos do que a com objetivos modestos. Adicionalmente, uma determinada opinião (ou juízo de valor) quando emitida por um modelo tende a ter maior impacto emocional e na autoavaliação do que quando emitida por uma referência. No relacionamento entre referências, a emissão de opiniões (ou juízos de valor) é recíproca, se dá entre iguais e é algo corriqueiro, natural e necessário para o crescimento de ambos. Entretanto, quando oriundas de modelos, elas são emitidas unilateralmente pela pessoa idealizada, que representa a meta a ser atingida, e que não tem o hábito de fazê-lo. Quando positiva, equivale a um prêmio inesperado; o elogio proveniente do modelo faz com que a pessoa se sinta mais apta para o atingimento da meta. Quando negativa, equivale a um castigo inesperado, pois a crítica não é atenuada pela compreensão e aceitação que as referências têm uma pela outra.

A autoavaliação por introspecção se dá em decorrência do autoconhecimento - quanto melhor a pessoa se conhece/compreende/aceita, mais ela se crê apta para a vida. A por comparação se dá basicamente no campo dos valores considerados importantes pela pessoa - a realização de valores finais e instrumentais adequados reforça a crença da pessoa na sua capacidade/aptidão para viver a vida. Valores finais inadequados induzem ao desenvolvimento da crença na própria impotência; valores instrumentais inadequados, ao da crença na incompetência. Ambos levam a pessoa a crer não ser boa/apta o suficiente, à redução na autoestima.

Modelos ideais são aqueles considerados pela pessoa como estando além de suas pretensões (Papa, Dalai Lama, etc.) - dão direção à pessoa. Modelos reais são aqueles compatíveis com suas aspirações (pais, professores, etc.) - dão metas a ela. Quando a pessoa se autoavalia utilizando modelos ideais, ela tende para uma baixa autoestima, pois assume como meta algo além de suas possibilidades.

Na autoavaliação, os processos de comparação e introspecção se complementam, pois para ter modelos, referências e valores adequados é preciso autoconhecimento. Além disso, eles têm influência variável de pessoa para pessoa:

  1. Para a pessoa competitiva, o processo de comparação é o mais influente, pois ela objetiva estar melhor que o outro;

  2. Para o doador, o processo de introspecção é o mais influente, pois ele tem o Perfeito como modelo e referência principal.

É preciso ter modelos e referências compatíveis entre si e adequados à pessoa para se obter resultados positivos.  Toda e qualquer dissonância entre eles é fonte de dificuldades, de resultados aquém do desejado, de redução da crença na aptidão para viver, de queda na autoestima.