bakunin e a liberdade
No livro intitulado "Textos Anarquistas", o revolucionário Michael Bakunin disse:
"(...) A definição materialista, realista e coletivista da liberdade (...) é esta: o homem só se torna homem e só chega à consciência e à realização de sua humanidade em sociedade e somente através da ação coletiva da sociedade inteira; ele só se emancipa do jugo da natureza exterior pelo trabalho coletivo ou social que é o único capaz de transformar a superfície da Terra em lugar favorável aos progressos da humanidade. Sem esta emancipação material não pode haver a emancipação intelectual e moral para ninguém. Ele só pode emancipar-se do jugo de sua própria natureza, isto é, só pode subordinar os instintos e os movimentos de seu próprio corpo na direção de seu espírito cada vez mais desenvolvido, através da educação e da instrução; mas uma e outra são coisas eminentemente e exclusivamente sociais, pois fora da sociedade o homem teria permanecido eternamente na condição de animal selvagem ou de santo, o que significa quase a mesma coisa.
Enfim, o homem isolado não pode ter a consciência de sua liberdade. Ser livre, para o homem, significa ser reconhecido, considerado e tratado como tal por um outro homem, por todos os homens que o circundam. A liberdade não é, pois, um fato de isolamento, mas de reflexão mútua, não de exclusão, mas de ligação; a liberdade de todo indivíduo é entendida apenas como a reflexão sobre sua humanidade ou sobre seu direito humano na consciência de todos os homens livres, seus irmãos, seus semelhantes.
Só posso considerar-me e sentir-me livre na presença e em relação a outros homens.
(...)
Só sou verdadeiramente livre quando todos os seres humanos que
me cercam, homens e mulheres, são igualmente livres. A liberdade
do outro, longe de ser um limite ou a negação da minha
liberdade, é, ao contrário, sua condição
necessária e sua confirmação. Apenas a liberdade
dos outros me torna verdadeiramente livre, de forma que, quanto mais
numerosos forem os homens livres que me cercam, e mais extensa e ampla
for a sua liberdade, maior e mais profunda se tornará a minha
liberdade. Ao contrário, é a escravidão dos homens
que põe uma barreira na minha liberdade, ou, o que é a
mesma coisa, é a sua animalidade que é uma
negação da minha humanidade porque, ainda uma vez,
só posso considerar-me verdadeiramente livre quando minha
liberdade, ou o que quer dizer a mesma coisa, quando minha dignidade de
homem, meu direito humano, que consiste em não obedecer a nenhum
outro homem e a só determinar meus atos de acordo com minhas
próprias convicções, refletidos pela
consciência igualmente livre de todos, me são confirmados
pela aprovação de todos. Minha liberdade pessoal assim
confirmada pela liberdade de todos se estende ao infinito."