emoção adaptada
Emoção
adaptada é aquela criada pela própria pessoa, não
compatível com o seu instinto e/ou sua intuição,
relacionada à busca da satisfação de desejos artificiais e/ou incompatíveis.
As emoções têm como objetivo facilitar a
sobrevivência e a evolução do próprio
indivíduo, ou seja, facilitar a satisfação de suas
necessidades. Para se adequar ao ambiente e momento em que vive, a
pessoa pode criar novos estímulos para uma emoção
a partir de experiência(s) e/ou de pensamento(s). As
emoções adaptadas geralmente são frutos de
crenças e desejos equivocados. Consiste em associar à
emoção causas indevidas, geralmente decorrentes da
inaceitação da realidade e/ou da
inadequação a ela - querer ser perfeito e eterno, querer
submeter o mundo à sua vontade e/ou acreditar que o passado
é eterno. Exemplo: medo de não conseguir conquistar o
futuro almejado, medo de que uma experiência ruim do passado se
repita (embora não haja evidências que o indique), medo de
não ser bom o suficiente, medo de chegar atrasado. A
possibilidade de não conseguir conquistar algo no futuro
não configura necessariamente um perigo real e se a pessoa
não aceitar suas limitações e as impostas pelas
circunstâncias ela criará situações onde
não conquistar algo seja uma rotina. As emoções
negativas medo e raiva, quando continuadas ao longo do tempo,
mantêm a pessoa constantemente preparada para a fuga, defesa e/ou
ataque, ou seja, a mantêm estressada pelas reações
automáticas continuadas, o que pode levá-la ao
esgotamento físico e mental, à
apatia/passividade/resignação, à
desesperança e, consequentemente, a uma "tristeza cansada" em
função da aceitação definitiva e
forçada da perda provável, do reconhecimento de que
não tem o controle de seu destino, da consciência da perda
do desejo de lutar/reagir. O medo de errar, de
morrer,
de não ser bom o suficiente ou de uma situação
ruim do passado se repetir pode criar uma situação de
"perigo" continuada, o que fatalmente levará a um estado de
tensão permanente.
Adicionalmente, as emoções adaptadas com frequência
estão associadas a desejos incompatíveis com a capacidade
de atendimento pela pessoa e, consequentemente, podem ser continuadas e
extremadas. Exemplos:
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Ódio - raiva obsessiva e duradoura. No ódio o obstáculo se perpetua e o desejo nunca é satisfeito. Na origem do ódio geralmente estão os desejos positivos incompatíveis e artificiais, ou seja, trata-se de apego a algo que a pessoa julga imprescindível que ocorra para que ela se sinta satisfeita (embora não seja), mas que não está de acordo com a sua capacidade de atendimento, pois há um obstáculo intransponível.
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Aversão - rejeição obsessiva e duradoura. Na origem da aversão geralmente estão os desejos negativos, ou seja, trata-se de algo que a pessoa obsessivamente julga imprescindível que não ocorra para que ela se sinta satisfeita, o que, naturalmente, não está de acordo com a sua capacidade de atendimento. Como não poderia deixar de ser, o apego a um resultado induz à aversão ao resultado oposto.
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Pânico - medo obsessivo e duradouro. Na origem do pânico não há um perigo real. Ele geralmente tem como causa o acúmulo de desejos incompatíveis com a realidade, o que induz a um sentimento de insegurança continuado e generalizado no tocante ao futuro.
Excepcionalmente, quando sucedida por uma emoção natural de mesmo tipo, a emoção adaptada pode ser útil para a sobrevivência, pois nesta situação ela antecipa a reação correta. Ex.: Medo ao ouvir ruídos. O ruído não configura uma situação de perigo e o medo indiscriminado de ruídos não favorece a sobrevivência , mas, excepcionalmente, se ele tiver sido provocado por algo/alguém que represente perigo e a situação de perigo vier a se concretizar, a emoção adaptada terá sido útil.
As emoções são essenciais na busca da satisfação de necessidades e podem ser úteis quando se trata da satisfação de desejos compatíveis com a capacidade de atendimento pela pessoa, mas são inadequadas no tocante aos desejos artificiais e/ou incompatíveis, o que leva à perpetuação de emoções negativas. Para evitar sofrimento desnecessário, a pessoa deve compatibilizar os seus desejos com a sua capacidade de atendimento ou, pelo menos, reconhecê-los como mera vontade, situação na qual a sua (in)satisfação tem menor impacto emocional.