filosofia: felicidade e sentido da vida
FELICIDADE
"A felicidade consiste, sobretudo, em se querer ser o que se
é.
Ora, só o divino amor próprio pode conceder
tamanho bem.
Em virtude do amor próprio, cada qual está
contente com
seu aspecto, com seu talento, com sua família, com seu
emprego,
com sua profissão e com seu país."
Erasmo de
Roterdam
"Uma
era de felicidade simplesmente não é
possível
porque as pessoas querem apenas desejá-la, mas
não
possuí-la, e cada indivíduo aprende durante os
seus bons
tempos a de fato rezar por inquietações e
desconforto. O
destino do homem está projetado para momentos felizes
—
toda a vida os têm —, mas não para eras
felizes.
Estas, porém, permanecerão fixadas na
imaginação humana como "o que está
além das
montanhas", como um legado de nossos ancestrais: pois o conceito de uma
era de felicidade foi sem dúvida adquirido nos tempos
primordiais, a partir da condição em que, depois
de um
esforço violento na caça e na guerra, o homem se
entrega
ao repouso, estica os membros e sente as asas do sono
roçando a
sua pele. Será uma falsa conclusão se, na trilha
dessa
remota e familiar experiência, o homem imaginar que,
após
eras inteiras de labor e inquietação, ele
poderá
usufruir, de modo correspondente, daquela
condição de
felicidade intensa e prolongada."
Friedrich Nietzsche
"A felicidade é um estado permanente que não parece ter sido feito, aqui na terra, para o homem. Na terra, tudo vive num fluxo contínuo que não permite que coisa alguma assuma uma forma constante. Tudo muda à nossa volta. Nós próprios também mudamos e ninguém pode estar certo de amar amanhã aquilo que hoje ama. É por isso que todos os nossos projetos de felicidade nesta vida são quimeras. Aproveitemos a alegria do espírito quando a possuímos; evitemos afastá-la por nossa culpa, mas não façamos projetos para a conservar, porque esses projetos são meras loucuras. Vi poucos homens felizes, talvez nenhum; mas vi muitas vezes corações contentes e de todos os objetos que me impressionaram foi esse o que mais me satisfez. Creio que se trata de uma consequência natural do poder das sensações sobre os meus sentimentos. A felicidade não tem sinais exteriores; para a conhecer seria necessário ler no coração do homem feliz; mas a alegria lê-se nos olhos, no porte, no sotaque, no modo de andar, e parece comunicar-se a quem dela se apercebe. Existirá algum prazer mais doce do que ver um povo entregar-se à alegria num dia festivo, e todos os corações desabrocharem aos raios expansivos do prazer que passa, rápida mas intensamente, através das nuvens da vida?" Jean -Jacques Rousseau
"Uma condição de exaltado prazer somente se mantém por momentos ou, em alguns casos, e com algumas interrupções, por horas ou dias. Ela é o brilhante clarão ocasional da alegria, e não a sua chama firme e constante. Disso sempre estiveram tão cientes os filósofos que ensinaram ser a felicidade a finalidade da vida como aqueles que a eles se opuseram. A felicidade que concebiam não era a do arrebatamento, mas de momentos assim em meio a uma existência constituída de poucas e transitórias dores, muitos e variados prazeres, com um predomínio decidido do componente ativo sobre o passivo, e tendo como fundamento do todo não esperar da vida mais do que ela é capaz de oferecer. Uma vida assim constituída, para aqueles que tiveram a boa fortuna de obtê-la, sempre pareceu merecedora da designação de feliz. E uma existência assim é, mesmo hoje em dia, o destino de muitos durante uma parte considerável de suas vidas. A educação falida e os arranjos sociais falidos são os únicos obstáculos reais que impedem que isso esteja ao alcance de quase todos." John Stuart Mill
SENTIDO DA VIDA
"Parece-me assim que ainda que não haja sentido para a vida,
ou
seja, mesmo que a vida como um todo não tenha
propósito,
direcção, razão de ser, isso
não é
uma razão para duvidar da possibilidade de encontrar e fazer
sentido na vida — não é uma
razão, por
outras palavras, para duvidar da possibilidade de que as pessoas tenham
vidas significativas." Susan Wolf
"Uma vida com sentido é uma vida activamente empenhada em
valores objectivos. Mas estes valores são-nos familiares:
são os valores estéticos, éticos e
cognitivos. Uma
forma de não compreender o problema do sentido da vida
é
pensar que tudo depende da existência de um valor especial
— diferente de todos os valores estéticos,
éticos e
cognitivos que nos são familiares.
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A vida de cada um tem sentido, do ponto de vista do universo, na exacta
medida em que trouxer activamente valor ao universo."
Desidério Murcho
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