o não-eu e o meu

Nesta vida, a pessoa é instinto e intuição, e tudo que os expresse com fidelidade. Tudo o mais é não-ser.

Durante o seu desenvolvimento, por ignorância ou para se adequar à realidade, a pessoa tende a criar o não-eu. Exemplos:

  1. Quando a pessoa diz "sou", atribuindo a si uma qualidade em desacordo com a essência, ela tende a desenvolver uma visão/crença/convicção a respeito de si incompatível com ela.
  2. Quando a pessoa diz "sou", se vinculando a algo circunstancial, ela tende a incorporar o temporário ao eu e a pensar e agir como se o ser dependesse ou fosse consequência do estar.
  3. Quando a pessoa diz "meu", se vinculando a algo que acredita possuir, ela tende a agregar o meu ao eu e a pensar e agir como se o ser dependesse ou fosse consequência do ter.

Dar ao eu um atributo incompatível com a essência, assim como expandi-lo mediante a adição de algo circunstancial ou que se acredita possuir, cofunde/desnorteia/desorienta a pessoa, o que prejudica a busca do verdadeiro Eu, pois ela passa a defender/proteger o não-eu, tendendo a perpetuá-lo. E agindo assim a pessoa sofre, pois o não-eu dificulta/impossibilita que ela tome decisões adequadas e seja feliz.

Sempre que a pessoa disser "sou" ela precisa estar consciente de que pode não ser. Sempre que ela disser "meu", ela precisa estar consciente de que se trata de algo transitório, que ela vai deixar de possuir um dia. Sou, mas posso não ser; tenho, mas não tenho; estou, mas não estou. É a capacidade de duvidar que ilumina o caminho na busca do verdadeiro Eu.