vitórias e fracassos
Na
zona de conforto não há desafios, e nem
vitórias e
fracassos; eles são típicos da zona de risco. Na
zona de
conforto as ações são frutos de
hábitos
tidos como bons pela pessoa. Nela predominam a rotina e a continuidade,
não há mudanças. Na zona de risco as
situações são inusitadas ou
não
adequadamente equacionadas, e as soluções
precisam ser
improvisadas, pois ainda não se têm uma forma
padronizada/habitual considerada boa para elas. Na zona de conforto,
como o próprio nome diz, é onde o
indivíduo se
sente confortável para agir e, portanto, nela as
ações não são originadas
por
emoções negativas e nem resultam nelas e,
consequentemente, não podem ser fruto de hábitos
prejudiciais ao indivíduo. Na zona de conforto, a pessoa se
sente e se crê apta. Nela predominam a paz, o amor e a
alegria.
Emoções negativas nos prepara para enfrentar
desafios e
para processar/assimilar os fracassos - são
típicas da
zona de risco. Na zona de conforto, os desejos (quando existentes)
são satisfeitos com habitualidade. Na zona de conforto
não existem apenas acertos, mas os erros são
encarados
com naturalidade, como inerentes à
condição humana
(e não são fontes de
emoções negativas - de
medo, raiva ou tristeza). Nela os erros não implicam em
insatisfação de desejos.
Desafio é tudo aquilo que induz o indivíduo a
sair da
zona de conforto, a buscar a zona de risco para obter a
satisfação de um desejo ainda não
atendido ou para
garantir a continuidade da satisfação
já obtida.
Quanto à origem, eles podem ser próprios ou
externos.
Desafios próprios são aqueles criados pelo
próprio
indivíduo objetivando o seu
desenvolvimento/evolução e o alargamento dos
limites de
alcance do sentimento/crença na própria
aptidão.
Desafios externos são aqueles impostos ao
indivíduo pela
realidade - eles poem à prova a
aptidão/capacidade do
indivíduo de adaptação a um novo
ambiente/situação. A rigor, todo desafio
é
próprio, pois o desafio externo só se configura
como tal
quando assumido pelo indivíduo, quando transformado em
próprio.
Os desafios promovem o desenvolvimento/evolução,
mas
são geradores de tensões. Como regra, a pessoa
deve viver
na zona de conforto. Os desafios devem ser buscados com
parcimônia, na justa medida do necessário e
conveniente. A
pessoa se sentir e/ou se crer continuadamente submetida a desafios
externos evidencia uma inadaptação dela ao
ambiente, que
pode ser motivada por desenvolvimento inadequado e/ou ambiente
demasiado hostil para uma pessoa com o seu potencial.
No cotidiano, a autoestima o ao amor-de-si são
frequentemente
colocados à prova pelos desafios. Vitórias e
derrotas
não implicam necessariamente em
alterações
significativas na autoestima, mas são "feedbacks"
importantes
para o autoconhecimento, pois uma autoestima não sustentada
pelos fatos configura uma dissonância pensamento/realidade.
Sucessos e fracassos são oportunidades para a pessoa se
tornar
mais apta e se conhecer melhor. Um fracasso pode ser encarado como um
aprendizado, o que fará com que a pessoa se torne mais apta
(do
limão se fez uma limonada); um sucesso pode ser encarado
como um
golpe de sorte, algo que não irá se repetir, e
assim
não contribuir (ou pouco contribuir) para que a pessoa se
torne
mais apta. Vitórias geram emoções
positivas, e
fracassos geram emoções negativas. As
emoções negativas produzem uma queda no
sentimento de
aptidão, enquanto as positivas o aumenta. As
vitórias e
fracassos criam oportunidades que cada um aproveita à sua
maneira. O que importa realmente não é a
vitória
ou o fracasso em si, mas o impacto deles sobre o pessoa, a
importância e o tratamento dado a eles por ela. A
vitória
e o fracasso são coisas de momento, mas o impacto permanece.
O acúmulo de vitórias evidencia: (1) pontos
fortes e (2)
os espaços existentes para o crescimento/desenvolvimento da
autoestima. O acúmulo de derrotas evidencia: (1) pontos
fracos,
(2) limites reais (da zona de conforto) e/ou (3) incapacidade de
adaptação. Pontos fracos podem ser frutos da
falta de
desenvolvimento e/ou das limitações naturais da
pessoa
e/ou da incapacidade de adaptação. Toda pessoa
tem um
limite natural para seu desenvolvimento, mas a falta de desenvolvimento
e a incapacidade de adaptação à
realidade podem
reduzir drásticamente o seu limite real (zona de conforto).
Quanto mais baixos forem a autoestima e/ou o sentimento de
aptidão, maior será o estreitamento dos seus
limites,
menores serão os seus limites reais (zona de conforto),
transformando em desafio tarefas/providências consideradas
simples/rotineiras pelos outros (a simples escolha de qual roupa
comprar/vestir pode se tornar um desafio). Viver pode se tornar um
desafio.
Tal como na autoestima, a crença e o sentimento de
aptidão podem ser setoriais, entretanto, em
função
de suas características, o sentimento geralmente o
é
menos do que a crença - o pensamento possibilita o foco na
ação, o que facilita a
setorização da
crença, enquanto o sentimento é invasivo por
natureza
devido às características do estímulo
emocional.
No trabalho, a pessoa com pensamento focado não se distrai
com
os detalhes à sua volta (o que facilita a
prevalência da
crença na aptidão no trabalho), mas o sentimento
pode ser
alterado por eles - uma foto de família sobre uma mesa,
percebida apenas inconscientemente, pode alterar o sentimento de
aptidão de uma pessoa (o sentimento de aptidão no
trabalho pode ser alterado em função da qualidade
das
relações familiares, do sentimento de
aptidão no
setor familiar).
Quanto mais baixos forem o sentimento e/ou a crença na
aptidão, menos capaz a pessoa se sente e/ou crê
para
enfrentar desafios e, consequentemente, ela deixa de criar os desafios
próprios e, quando confrontada com desafios externos que
não pode evitar e nem postergar, não busca o
sucesso, mas
direciona seus esforços para evitar o fracasso e/ou para
arrumar
justificativas para ele e/ou para dividir com os outros a
responsabilidade por encarar o desafio e por suas
consequências.
O excesso de prudência, o perfeccionismo e o rigor na
organização também são
maneiras de evitar o
fracasso. Por outro lado, a tendência a compartilhar desafios
com
os outros (para diminuir os próprios riscos) induz a que se
desenvolva a aptidão para ouvir a opinião de
outras
pessoas e a modéstia, o que facilita relacionamentos e
trabalho
em grupo.
A queda na crença/sentimento de aptidão
é algo que
ocorre de forma progressiva ao longo do tempo. Para recuperar a
crença/sentimento de aptidão, a pessoa deve
percorrer o
caminho inverso, ou seja: (1) evitar situações
onde possa
haver/ocorrer desafios externos e (2) começar a se propor
pequenos desafios, bem próximos à sua zona de
conforto,
e, progressivamente/calmamente, de acordo com suas possibilidades, ir
alargando os seus limites.
Dissonâncias são
imperfeições no querer, no
sentir e/ou no pensar. Onde há dissonâncias,
há
desafios, pois a decisão não se dá na
zona de
conforto. Elas geram conflitos de tendências, que dividem a
pessoa e transformam em desafios ações rotineiras
do
cotidiano. Adicionalmente, não há
vitória, pois
sempre haverá uma perda significativa.
Quando a pessoa nasce, ela se sente plenamente apta e a zona de
conforto está no máximo, mas para se desenvolver
ela cria
desafios para si e enfrenta aqueles que a realidade lhe apresenta. Com
o desenrolar da vida, o balanço de vitórias e
fracassos
pode reduzir este limite. Durante toda a sua vida, a pessoa
buscará aumentar sua zona de conforto, a crença e
o
sentimento de aptidão, de perfeição.