o indivíduo e o poder


O poder propicia oportunidades para a satisfação de necessidades individuais e coletivas. Quando de posse do poder:

  • A pessoa menos evoluída tem muito a ganhar no tocante à satisfação de necessidades próprias (pois, o Ter é o seu foco) e pouco no tocante às de abrangência coletiva (referentes ao Amar).

  • A pessoa evoluída tem pouco a ganhar na satisfação das necessidades próprias (referentes ao Ter) e muito no tocante às coletivas (pois, o Amar é o seu foco).

  • A pessoa menos evoluída quer o poder para "engrandecimento" pessoal, para satisfação das necessidades de Ter e o aumento de auto-estima dele decorrente, ou seja, para ela basta fazer de conta que satisfaz as necessidades coletivas (enganar o povo para "engrandecer" a sua imagem e perpetuar-se no poder).

  • Para satisfazer a necessidade própria de Amar, a pessoa evoluída precisa satisfazer de fato as necessidades coletivas.

  • O menos evoluído acredita que os fins justificam quaisquer meios adotados.

  • O evoluído acredita que objetivos realmente nobres somente podem ser atingidos por atitudes nobres, que só com a prática do bem se pode atingir/obter algo que seja realmente bom.

  • A pessoa menos evoluída tem menos a oferecer, pois tem menor consciência das necessidades do próximo.
  • Para ser digno do poder, a pessoa precisa ser nobre e ter um desejo de realização nobre (um ideal), pois só assim o poder poderá ser usado de maneira adequada.

  • Quando a pessoa tem de fato um ideal, ela nunca desiste dele, embora às  vezes ela possa estar menos motivada (ou desmotivada) face às circunstâncias.

Desta situação resulta:

  • Quanto mais evoluída for a pessoa, menos ela tem a ganhar com o poder.

  • Quanto mais nobres os objetivos e os meios, mais difícil a implantação/execução no estágio atual deste mundo egoístico.

  • Para a pessoa com objetivos nobres (o bem coletivo), o exercício do poder é altamente desgastante, pois no estágio atual da humanidade são grandes as forças contrárias a este tipo de mudança e os avanços, consequentemente, não são o esperado por ela, o que tende a desanimá-la. Entretanto, para a pessoa apenas com interesses próprios (e mesquinhos), o simples fato de ter o poder já é gratificante, e ela tende a querer se perpetuar no poder.

  • Como o poder tende a ser mais gratificante para o menos evoluído, ele tende a concentrá-lo em suas mãos, enquanto o mais evoluído tende a compartilhá-lo.

  • Se uma pessoa tem de fato um ideal e é colocada em condições de realizar/concretizar este ideal ela buscará fazê-lo, mas a vida é a arte do possível e pode ser que ela não consiga, o que lhe causará uma grande decepção/desgaste/tristeza. Entretanto, a pessoa pode apenas simular/parecer que tem o ideal, mas é apenas para satisfazer mais facilmente as suas necessidades de Ter (homem camaleão) e nesta situação (1) ela pode até acreditar que tem o ideal e tentar buscá-lo, mas desanimará rapidamente, face às dificuldades, ou (2) ela pode apenas ter enganado propositadamente as pessoas e, neste caso, sequer buscará realizar o ideal que pregava quando não tinha o poder, mas se locupletará com o poder e, portanto, buscará perpetuá-lo enganando as pessoas.

Conclusão: Não há, portanto, como saber se uma pessoa tem de fato o ideal que diz ter e nem se buscará ou não realizá-lo. Entretanto, se ela tem muito gosto pelo poder é grande a chance de que não buscará com a força/persistência necessária e/ou de que o "ideal" dela não seja nobre. O poder traz com ele um paradoxo: como regra, quem mais o quer não o merece.